Agraciado com condecorações Bronze Star (recebida por sua
conduta no ataque a Serreto), Cruz de Combate de 1a classe e Cruz de
Combate de 2a classe.
Nascido no Estado do Rio Grande do Norte, em 1913, Ivaldo
Ribeiro Dantas ingressou no Exército Brasileiro em 1931, aos 18 anos, como
soldado para prestar o serviço militar obrigatório, tendo sido destacado para o
29º Batalhão de Caçadores, em Guararapes, Pernambuco.
Foi soldado-sapador, cabo de esquadra e cabo rádio-telegrafista,
escrivão do Conselho de Justiça Militar, trabalhou em enfermaria, companhia de
metralhadoras e intendência, tendo sido promovido a 1º sargento em 1941.
Em 1944 servia no 12º Regimento de Infantaria, de Juiz de Fora
(MG), quando, aos 31 anos de idade e 13 anos de serviço ativo, foi transferido
para a 8ª Cia do 11º Regimento de Infantaria Expedicionário (Regimento
Tiradentes), de São João del Rey (MG), às vésperas do embarque da Força
Expedicionária Brasileira com destino ao Teatro de Operações da Itália.
Em setembro deste ano embarcou no Navio Transporte de Tropas
General Meigs, juntamente com as demais praças e oficiais do 11º RI, compondo o
segundo escalão da FEB (Grupamento General Falconiere) que se deslocou para a
Itália, chegando ao porto de Nápoles em 06 de outubro.
Quatro dias depois partiu em uma barcaça do tipo Landing Craft
Infantry (LCI), da Marinha dos EUA, até Livorno e de lá foi transportado para o
“staging área” de San Rossore, a oeste da cidade de Pisa, onde iniciou intenso
período de instrução.
Em novembro de 44, com o 11º RI já integrado à Infantaria
Divisionária, teve o seu batismo de fogo. Sargenteante da 8ª Cia do III
Batalhão, Ivaldo Ribeiro Dantas participou do ataque a posições situadas ao
norte de Bombiana.
Apesar de a ação ter sido precedida de uma longa marcha noturna
desde Silla, sem descanso e sob forte chuva, lama e intenso frio, a missão foi
cumprida, tendo o batalhão registrado nessa jornada cinco mortos e vinte e três
feridos. Desse total, a companhia a que pertencia (8ª Cia) perdeu três homens
atingidos fatalmente e outros oito feridos.
Na ocasião desse ataque, o sargento Ivaldo auxiliou diretamente
o comando da companhia atuando na ligação direta entre o comando do batalhão e
dos pelotões, vez que as transmissões da 8ª Cia tinham sido interrompidas
devido à ruptura dos fios telefônicos pelo bombardeio inimigo. Não obstante ter
sido arremessando a dois metros de altura pelo sopro de um projétil da
artilharia alemã, refez-se e passou a orientar o remuniciamento da companhia, o
mantendo em ritmo sempre crescente.
Ao final dessa ação assumiu voluntariamente o comando do pelotão
de petrechos da companhia, função que exerceria por três meses até assumir o
comando do terceiro pelotão de fuzileiros da 8ª companhia.
No desenrolar da campanha, assumiu posição juntamente com seu
pelotão de petrechos em Capela di Ronchidos, na região de Gaggio Montano,
dispondo suas metralhadoras pesadas e morteiros em apoio à defesa daquele
setor, antes defendido por soldados norte-americanos e, em seguida, ocupado
pelos soldados do III Btl do 11º RI.
Nesse período, o 1º sargento Ivaldo Ribeiro Dantas empenhou-se
nas tarefas de organização do terreno, cuja realização mereceu elogios dos seus
superiores. Chegou a construir, juntamente com seus homens, um intrincado
sistema de túneis visando à ligação segura entre as posições de morteiros e
metralhadoras, bem como facilitar o remuniciamento das armas.
Durante a permanência da 8ª companhia nessa região, além das
tarefas específicas à frente do seu pelotão de petrechos, também tomou parte de
diversas patrulhas defensivas e de esclarecimento.
Em Montilocco, pequeno aglomerado de casas a sudeste de Ronchidos,
o sargento Ivaldo teve atuação destacada, juntamente com os demais elementos da
8ª companhia do III Batalhão, na defesa daquela posição durante forte ataque
alemão desferido na noite de 2 para 3 de janeiro de 1945. *1
Por sua conduta nessa ação foi agraciado com uma “Citação
Especial de Combate” pelo Comandante da FEB, general Mascarenhas de Moraes,
além da Cruz de Combate de 2ª classe.*2
Em fevereiro assumiu o comando do 3º pelotão, da 8ª companhia e,
após breve período estacionado em Gaggio Montano, na reserva da Divisão, tomou
parte do ataque a Montese, cabendo ao seu pelotão progredir no eixo de ataque
Serreto e Cotas 927 e 888.
Segundo o relatório de combate do III Btl, nesse ataque a 8ª Cia
teve sua progressão muito dificultada não somente pela resistência inimiga na
cidade de Montese, como também por extensos campos minados e pela pesada
artilharia e morteiros inimigos.
Ivaldo, apesar dessas dificuldades e de ainda ter que retardar
seu ataque e desviar seu pelotão a fim de cooperar na limpeza das resistências
inimigas nas orlas este e sudeste de Montese (até a chegada de elementos do 6º
RI), conseguiu levar seu pelotão ao objetivo, participando e contribuindo para
a captura de Serreto pela 8ª Cia.
Seu desempenho nos ataques a Serreto e cota 927 lhe rendeu a
Cruz de Combate de Primeira Classe e ainda a condecoração norte-americana
Bronze Star, ambas por bravura em combate.
Cumprida sua missão na região de Montese e entorno, o 1º
sargento Ivaldo e seu pelotão saíram de linha na região de Campo del Sole,
juntamente com a 8ª Cia, a fim de reajustar efetivos e equipamentos.
Vencida a batalha por Montese, restava ao inimigo a fuga pela
planície do Pó e à FEB a sua perseguição e a ocupação do terreno por ele
deixado às pressas.
Nessa corrida, Ivaldo e seus comandados do 3º pelotão passaram
pelas localidades de Torrachia, Iola, Salto Martino, Zocca, região de Monte
Orsello, Marano, Vignola-Castelvetro, Maranello, Fiorano, Sassuolo, Scandiano,
Quatro-Castello, Maiático e Respício, ocupando o terreno abandonado e seguindo
sempre no encalço do inimigo.
Em 3 de maio de 1945, o 1º sargento Ivaldo Ribeiro Dantas e os
fuzileiros do 3º pelotão chegaram a Alessandria, a fim de reunirem-se ao
regimento.
Pouco depois, em 11 de maio, foi transferido para a Companhia de
Comando do III Batalhão, por conveniência do serviço.
Finalmente, em setembro, deslocou-se com o regimento, para bordo
do navio General Meigs, tendo esse transporte desatracado do porto de Napoli,
com destino ao porto do Rio de Janeiro.
De volta ao Brasil, permaneceu no Exército até ir para a reserva
em 1953, no posto de major R/1.
*1 A defesa de Montilocco e outras destacadas ações da 8ª Cia do
III Btl do Regimento Tiradentes – uma das companhias mais aguerridas da FEB –
foi retratada no excelente livro “Segundo pelotão, 8ª Companhia”, escrito pelo
veterano Agostinho José Rodrigues – que nessa época era tenente, comandante do
2º pelotão. O veterano Ivaldo é citado em algumas páginas da obra e teve
contato direto com o autor durante a guerra.
*2 “Citação Especial de Combate” (pelo excelentíssimo senhor
general comandante da Força Expedicionária Brasileira) “primeiro sargento
quatro G – vinte e dois mil setecentos e oitenta e cinco, Ivaldo Ribeiro
Dantas, do estado do Rio Grande do Norte, do onze regimento de Infantaria – Em
vinte de janeiro de um mil novecentos e quarenta e cinco, no ponto de apoio de
Montilocco, em noite escura, os alemães lançaram um forte golpe de mão visando
isolar esse ponto chave da defesa do sub-quarteirão. Sem demora o sargento
Ivaldo reage acionando todos os elementos da defesa. Repelido o inimigo,
lançou-se em sua perseguição, assegurando dessa maneira a integridade absoluta
da posição. O destemor, a combatividade, a tenacidade, o senso de
responsabilidade do sargento Ivaldo destacam-no como belo exemplo aos nossos
combatentes da Itália”.
FONTE – PORTAL FAB